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Controle Natural de Praga (Parte 1)


O controle de pragas na agricultura não precisa ser feito de forma obrigatória ou exclusiva com produtos químicos. Os métodos modernos de controle de pragas nas culturas buscam medidas alternativas, que combinam várias ações e princípios químicos e biológicos. Muitas experiências realizadas em várias partes do mundo e com várias culturas, tendo como base a diversidade de alternativas, mostraram-se eficientes, inclusive nos segmentos agrícolas mais competitivos.

1.    Vantagens e desvantagens dos inseticidas naturais

A) Vantagens
§ Oferecem alternativa aos inseticidas químicos sintéticos, uma vez que podem ser empregados com o mesmo propósito;
§ Podem ser facilmente preparados a partir de restos de colheita ou de várias espécies vegetais reconhecidamente eficientes, por meio artesanal, semiindustrial e industrial;
§ São facilmente biodegradados, por sua natureza orgânica, o que contribui para a diminuição da contaminação ambiental;
§ Contribuem para a segurança alimentar, melhorando a qualidade de vida e protegendo a saúde dos trabalhadores e consumidores;
§ Por conterem mais de um princípio ativo e pouca persistência, são menos propensos a promover resistência ou tolerância em pragas e patógenos;
§ São compatíveis com o Manejo Integrado de Pragas – MIP e com o sistema de manejo orgânico;
§ São mais econômicos que os agrotóxicos sintéticos.

B) Desvantagens
§ Os inseticidas naturais quase sempre são menos eficientes que os produtos químicos sintéticos;
§ Os resultados nem sempre são imediatos;
§ Em geral, é necessário um maior número de aplicações, devido à baixa persistência;
§ Normalmente, não são encontrados nas lojas agropecuárias, o que pode dificultar a disponibilidade destes produtos nas diferentes regiões de cultivo;
§ Geralmente, requerem o cultivo da espécie vegetal destinada a este fim, que também exigirá atenções culturais.

2. Precauções durante a manipulação

É importante salientar que os inseticidas alternativos naturais também podem ser venenosos ou tóxicos ao homem. Logo, seu manejo deve levar em conta as mesmas precauções indicadas para os inseticidas químicos sintéticos, principalmente quando não se conhecem seus dados toxicológicos.

– Evitar o contato com a pele, utilizando medidas de prevenção e vestimenta adequada;
– Evitar a ingestão e inalação dos vapores;
– Os recipientes utilizados na preparação devem ser empregados unicamente para este fim;
– Evitar que as substâncias utilizadas durante a preparação caiam no solo ou extravasem o recipiente de preparação;
– Depois da manipulação ou em caso de contato dérmico com as substâncias utilizadas, lavar com água corrente em abundância as respectivas partes;
– Não comer, beber ou fumar com as mãos contaminadas;
– Evitar o consumo de produtos colhidos antes de cinco dias após a última aplicação.

2.    Métodos artesanais de extração dos princípios ativos

A extração dos compostos bioativos presentes nas plantas é um processo muito importante, devendo-se selecionar adequadamente o método a ser empregado. A trituração e a maceração são processos que não alteram a composição química dos materiais. No entanto, os métodos que necessitam da aplicação de calor devem ser empregados somente quando se tem certeza que as substâncias ativas não são termossensíveis, já que a transformação pode produzir substâncias menos ativas. Para raízes, talos e cascas, o tempo de extração, em geral, pode ser maior que para flores e folhas.
O material vegetal coletado deve ser lavado com água para eliminar a poeira e outros materiais estranhos. Em geral, recomenda- se secar estendendo o material vegetal em um lugar sombreado e com ventilação, para evitar que substâncias foto e termossensíveis se decomponham pela ação da luz e do calor. Seguem-se alguns métodos de produção artesanal:

Trituração – o material vegetal deve ser seco em um lugar fresco e sombreado, devendo-se fracionar as partes mais suculentas para facilitar a evaporação e evitar a putrefação. Posteriormente, o material deve ser reduzido a pó, por meio de moagem ou pisoteamento. Existem alguns materiais que podem ser desidratados ao sol.

Maceração – é um processo de extração que se realiza à temperatura ambiente, adicionando-se ao material vegetal seco e triturado ou fresco e picado, um solvente extrator em um recipiente fechado. O solvente pode ser água, álcool etílico (etanol) ou uma mistura hidroalcoólica. O tempo de maceração é variável, desde algumas horas até dias (para água, não mais de um dia).

Cozimento – é um processo de extração semelhante ao anterior, porém realizado com o emprego de calor, adicionando-se ao material seco e triturado ou fresco e picado, o solvente extrator em um recipiente aberto. O solvente pode ser água, etanol ou uma mistura hidroalcoólica. O tempo de cozimento é variável, porém menor que no caso anterior, podendo oscilar entre 15 e 60 minutos.

Infusão – a extração se realiza adicionando-se ao material vegetal seco e triturado ou fresco e picado, o solvente extrator fervente, porém já afastado da fonte de calor e em um recipiente tampado. O tempo de extração é pequeno e varia entre cinco e dez minutos. É o mesmo procedimento utilizado para o preparo de chá.

Extração de sumo – este método pode ser utilizado quando se necessita utilizar plantas ou partes de plantas que são suculentas. Consiste em prensar de forma mecânica o material fresco, tal como se extrai a garapa da cana-de-açúcar, ou batendo e moendo o material para depois filtrar prensando.

3.    Uso correto de aplicação inseticidas

A)Uso como inseticida e acaricida:

1. O tratamento deve constar, no mínimo, de 3 ou 4 pulverizações, ministradas a intervalos semanais;
2 . Acrescentar à manipueira, pura ou diluída, o correspondente a 1% de farinha de trigo, a fim de garantir-lhe melhor aderência;
3 . Usar manipueira pura ou diluída em água, conforme a praga e, sobretudo, a cultura a ser tratada. Assim, no tratamento de árvores (citros, abacateiro, jambeiro, etc.), usar manipueira pura ou em diluição 1:1; para arbustos (murici, maracujá, etc.), deve prevalecer a diluição 1:1 ou 1:2. Para plantas herbáceas de maior porte (pimentão, berinjela, etc.), recomendam-se as diluições 1:2 e 1:3 e, para aquelas de menor porte ou mais tenras, usar a diluição 1:4. Todavia, para os dois últimos casos, ou seja, para as herbáceas em geral, é sempre conveniente fazer, antes do tratamento definitivo, um teste preliminar, envolvendo um pequeno lote de plantas, a fim de ajustar a diluição sensibilidade da planta a ser tratada e da praga a ser controlada;
4 . Para o caso específico de tratamento de propágulos vegetativos (estacas, rizomas, etc.) infestados, imergi-los em manipueira pura durante uma hora, sendo indispensável o acréscimo de farinha de trigo a 1%. Como carrapaticida, acrescentar 20 a 50% de óleo de rícino, como veículo aderente e repelente à lambida do animal e, assim, evitar eventuais reações tóxicas.

B) Uso como fungicida e bactericida
Para o uso da manipueira como fungicida e bactericida, devem ser observadas as mesmas recomendações prescritas para o seu uso como inseticida. Assim, o tratamento deve estender-se por, no mínimo, três ou quatro semanas, com uma pulverização a cada sete dias. Prevalece, também, a recomendação no sentido de acrescentar 1% de farinha de trigo ao composto, a fim de melhor aderência, uma condição particularmente importante no trato de doenças, haja vista a prevalência do controle preventivo sobre o curativo. No tocante à dosagem, as prescrições pertinentes são, também, as mesmas. Desta forma, a opção pelo uso da manipueira pura ou diluída (diluições aquosas de 1:1, 1:2, 1:3 e 1:4) fica na dependência, sobretudo, do tamanho e sensibilidade da planta. Assim, deve-se ter o cuidado de proceder-se a um prévio teste de sensibilidade da planta ao tratamento.

C) Uso como herbicida
Em áreas infestadas por plantas invasoras, fazer 3 a 5 aplicações da manipueira pura (sem diluição em água), com auxílio de regadores, a intervalos de 24 horas, na proporção de 5 litros por m2.

D) Controle de formigas
Para cada olheiro do formigueiro, utilizar 2 litros de manipueira, repetindo o tratamento a cada cinco dias. Em tratamento de canteiro, realizar regas com 4 litros de manipueira por m2, 15 dias antes do plantio.

E) Uso como nematicida
1 . Tratamento total da área de cultivo: usar a manipueira em diluição aquosa, na proporção de 1:1. Com o auxílio de um regador, aplicar 4 a 6 litros dessa diluição por m2. Deixar o solo tratado em repouso, no mínimo durante 8 dias e revolvê-lo antes de voltar a cultivar.
2 . Tratamento restrito às linhas de cultivo: usar a manipueira em diluição aquosa, na proporção de 1:1. Aplicar, no mínimo, 2 litros dessa diluição por metro linear de sulco. Deixar o solo tratado em repouso, no mínimo durante 8 dias e revolvê-lo antes de voltar a cultivar.

Fonte: Boletim Embrapa – 191 – Uso de Inseticidas Alternativos no Controle de Pragas Agricolas

2 comentários em “Controle Natural de Praga (Parte 1)”

  1. Informações excelentes e ótimo aprendizado. Para qum deseja investir no campo ou aprender mais sobre culturas, é a dica.

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